Como vocês estão se sentindo nesse ano? Eu estou com uma sensação constante de que tá tudo acontecendo rápido demais. Eu pisco, passou o dia, eu pisco, passou a semana, eu pisco, e faz quatro meses que eu tô solteira.

E aí a sensação que vem em seguida é muito mais chata. A de que estou sempre correndo atrás de alguma coisa. Do tempo, das chances, dos dias. Eu corro e nunca alcanço.
É angustiante.

Sempre correndo atrás – entenda como fazer

Às vezes eu só acordo com o pensamento de que “só por hoje” o dia podia ir mais devagar. A gente podia encontrar um botão de pause, pra gente poder colocar em ordem o que precisa ser colocado em ordem, e depois seguir com a vida normalmente.

Mas esse botão não existe, e o tempo não tem misericórdia de ninguém. Ele vem tão impiedoso como uma onda gigante tomando a areia da praia, e há aqueles que são levados e aqueles que conseguem correr. Mas que vão correr pra sempre, sem descanso. É isso ou ser engolido. Carregado pelas ondas e jogado para o fundo do mar, onde dificilmente vai conseguir ver a superfície novamente, um dia.

Bizarro pensar que a vida é essa coisa tão cheia de ângulos. Dependendo do lado que você olha, pode ser lindo. Ou assustador. Ou horrível. Ou excitante. Essa coisa do tempo me amedronta demais. E me incomoda cada dia mais, e não porque eu tenho medo de envelhecer -é sempre isso que acham quando uma mulher fala sobre o tempo, né?- mas porque eu tenho medo de não ter tempo de fazer tudo o que eu quero. De estar com todas as pessoas que eu amo.

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De viver todas as experiências que eu puder.

Mas ao invés de isso me dar um impulso, tem, ultimamente, feito com que eu ande cada vez mais devagar. Seria cansaço? Ou seria um desses mecanismos de autossabotagem que sabe se lá raios porque existem, em que a gente quer muito ser melhor com nós mesmos, mas só acabamos sendo piores?
Já faz algum tempo que tenho essa sensação. Eu e ela estamos bem íntimos agora e tenho conseguido compreender algumas coisas que antes não faziam sentido pra mim.

Tenho entendido porque às vezes a gente aceita conviver com algo que não nos faz bem, mesmo sabendo que não nos faz bem.

Eu não gosto dessa sensação. Eu odeio dormir todos os dias com a vida escorrendo pelos meus dedos. E acordar sabendo que muito provavelmente aquele dia será igual. Eu não gosto. Eu odeio, na verdade. Mas essa sensação está aqui, e ela se tornou presente demais e eu não sei mandar ela embora. Eu não consigo, ainda. E ela vai ficando, e se sentindo em casa dentro de mim. Dividindo, na real, roubando, espaço de outras sensações que eu gosto muito mais. E que tenho cada vez menos.

E essa matemática é muito cruel.

Porque a cada dia que passa eu gosto de mais coisas. E conheço mais pessoas. E quero estar com elas. E quero fazer essas coisas. Mas o tempo continua igual. Ele não estica. Acho até que ele encolhe a medida que nossa vida se torna mais interessante. De propósito, que é pra gente sofrer com escolhas e prioridades. Palavras que batem cartão todos os dias nessa famigerada vida adulta.

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Meus dias não se arrastam. Quem dera. Meus dias correm. Meus dias voam. Meus dias escapam.
E eu fico aqui, tentando acompanhar.

Sonho com o dia em que eu e ele vamos fazer as pazes. E juntos vamos expulsar essa sensação horrível de estar desperdiçando minha vida. Só que o tempo é um senhor um pouco difícil. Cheio de manias e exigências. E ele não está disposto a ceder. Então ainda preciso entender como lidar com ele.

Torcendo pra que não seja tarde demais.